JOSÉ NEWTON DE FREITAS
( Brasil - Piauí )
Nascido em Piripiri, a 21 de novembro de 1920, e falecido 8 de fevereiro de 1940, em Fortaleza, Ceará.
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José Newton de Freitas foi o poeta de toda a literatura brasileira com menos tempo de vida. Em sua aparição brilhante e fugaz no firmamento das letras, ele não teve tempo sequer de ver publicado seu único livro, Deslumbrado. (Zózimo Tavares).
Assis Brasil
Nós, piauienses, também tivemos a nossa “criança de gênio”, vítima de turbeculose, aos 19 anos de idade. Nascido em Piripiri, aos 21 de novembro de 1920, a doença terrível ainda não tinha cura. Parece que tal doença tinha predileção por matar jovens poetas. Assim foi com Álvares de Azevedo (20 anos) e Castro Alves (25 anos). Mas os três ainda tiveram tempo de deixar a sua obra, sensível e dramática, garantindolhes a imortalidade.
Morte quase ao alvorecer da vida, autor de um livro póstumo, Deslumbrado, prefaciado pelo próprio pai, Felismino de Freitas Wéser, o poeta piauiense “mesmo com vida tão curta e escassa, afirmou-se como um dos maiores poetas do Piauí, sendo considerado o introdutor do Modernismo no Estado” – disse Zózimo Tavares no livro Sociedade dos poetas trágicos, dedicado a dez poetas piauienses que morreram cedo e, o entanto, deixaram obra poética relevante.
Como aquela “criança de gênio” da França, José Newton de Freitas, o nosso Rimbaud, começou a fazer poesia ainda menino. Embora com o sofrimento físico e algumas premonições em relação à morte, ele compôs seus poemas sensíveis e humanos, como O caminho, no qual, além da técnica pioneira modernista, um rico lavor místico ressuma no poema, ao nível de um Jorge de Lima e Cecília Meireles.
Fonte: http://krudu.blogspot.com/2009/02/jose-newton-de-freitas-um-genio.html
O CAMINHO
Vinde a mim todos vós que sois humanos.
Vinde. Eu vos ensinarei o catecismo da fraternidade.
Vinde, ó meus irmãos! Meus braços ficarão do tamanho
do mundo para um amplexo cordial. Eu vos abraçarei em espírito.
Agora olhai para o Grande Caminho.
Não vedes uma estrela a iluminar a estrada?
Eu irei na frente para mostrar-vos o melhor.
Ela nos guiará como guiou os Magos outrora.
Vinde. No Grande Caminho todos serão iguais:
ricos, pobres, fortes, fracos.
Todas as cabeças estarão na mesma altura.
Nenhum homem falará para o outro com os olhos no chão.
Outrora houve um reformador sábio e santo.
Ele veio. Pregou a igualdade e a fraternidade.
Os ignorantes a serviço dos déspotas não o compreenderam.
Os ignorantes o crucificaram. Mas não crucificaram o ideal.
Cristo! Senhor! Volta! As massas esperam pelo teu regresso.
Vem e repete a tua doutrina aos transviados do Grande Caminho.
Sicários de poderosos querem apagar a tua lei.
Volta antes que as massas desesperem.
Antes que os oprimidos tirem teu nome de dentro da alma.
Abandonados, decepcionados.
Nós não te desejamos em corpo.
Os déspotas crucificariam teu corpo novamente.
Vem em espírito. Que a força da tua presença derrube a tirania.
Queremos é o teu Poder. E a multidão se levantará invencível,
a multidão que não deixou de ter fé.
A multidão quer o teu reino aqui mesmo,
quer ouvir ao menos o ecoar da tua Palavra...
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ANTOLOGIA DE SONETOS PIAUIENSES [por] Félix Aires. [Teresina: 1972.] 218 p. Impresso no Senado Federal Centro Gráfico, Brasília. Ex. bibl. Antonio Miranda
BELO EXEMPLO
Olha a serra apontando para o céu
Com os braços grandes dos seus picos,
Com os dedos verdes de suas árvores
Mas bem que ela não esquece os humildes.
Nem o chão, nem as pedras que jazem a seus pés.
E pelo abismo, vinda das alturas,
Como se fosse um véu de rendas,
Como se fosse prata liquefeita,
Salta a cascata,
Borbulhante eternal...
Oiço.. A aguagem entre as pedras lodosas,
Canta e murmura, ou será que soluça?
Esse barulho de água beijando os penhascos
Deve ser um poema de amor...
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Página publicada em março de 2023
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